quarta-feira, 29 de julho de 2009

Reunião na Associação Recreativa da Urbanização do Monte

Na passada terça-feira, dia 28 de Julho, o Bloco de Esquerda em Valbom, compareceu na Associação Recreativa da Urbanização do Monte onde se reuniu com moradores do Bairro do Monte, que apesar de poucos, conseguiram transmitir de forma transparente as inquietações decorrentes do seu dia-a-dia.

O Bloco teve como princípio colocar estes moradores em contacto directo com os problemas da sociedade, interpelando-os para que nos transpusessem as suas principais preocupações. Preocupações que nos ajudarão a fazer o (im)possível para que elas sejam definitivamente resolvidas, accionando meios desacordados ou mesmo nunca acordados.

Neste encontro, surgiu o facto de o bairro ser um lugar isolado, não havendo um meio de inserção entre os locais à sua volta. Seria de relevar a criação de espaços em seu redor que o integre nas zonas vizinhas. Para isso, o Bloco propõe o total melhoramento do espaço verde desaproveitado que se estende até ao rio. Assim, surgiria um parque natural que serviria a população com o intuito de fundar espaços de convívio, zonas de merenda e lazer. E por falar em rio, não pôde ficar impune o programa polis que fará com que o interior seja ainda mais isolado. O investimento será todo centrado naquela zona enquanto existem famílias a 10 metros que vivem em condições precárias. Valbom será olhado pela margem como apenas uma fachada proveniente de uma exploração desmedida.

Durante esta conversa, constatamos que os moradores têm que dar conhecimento de todas as informações relativas aos seus rendimentos, e consequentemente, quanto maiores forem os seus apoios financeiros, mais alto será o valor da renda de suas casas. Caso não a paguem até ao dia 8 de cada mês através do sistema bancário, têm, forçosamente, que se dirigir à câmara, pagar a renda e ainda pagar um valor acrescido pelo seu atraso. Será inevitável pensar que quanto mais rendimento mínimo obterem, maior será o valor da renda a pagar. O problema reside na eterna questão: Se esta zona é um aglomerado de residências ao qual se dá o nome de habitação social, como é que ocorrem situações desta natureza? Também foi exposto o caso das pessoas que têm apartamentos vitalícios, pagam nada por eles e muitas das situações mais frequentes é que se tratam de pessoas com posses.

Mulheres com licença de maternidade e/ou desempregadas com quatro filhos a receber 170 euros de rendimento mínimo seria impensável num tempo que se diz pertencer ao homem moderno. Situações como esta acontece à porta das nossas casas, invisíveis ao olhar e que se deixam corroer por uma organização viciosa que nos tenta tapar os olhos.

Muitas mães debatem-se com a preocupação de não saber onde deixar os filhos quando eles têm menos de três anos. Neste bairro, existe uma pré-escola que todos os anos abre vagas para crianças com mais de três anos, e nem todas podem ser colocadas porque existem casos de crianças vindas de outras zonas que preenchem as vagas. É um bem necessário e uma mais valia para as mães que precisam de trabalhar, criar infrastruturas ou aproveitar apartamentos sociais desocupados com o fim de ajudar as mães a terem onde deixar os seus filhos quando estes têm menos de três anos. Além do sector infantil, compreendemos que o apoio aos jovens torna-se cada vez mais escasso, apenas têm um ring onde jogam à bola. Desta forma, resolver-se-ia o problema se eles pudessem usufruir de condições estruturais onde aprenderiam actividades mediadas pelos seus gostos, e ao mesmo tempo, iam recebendo valor pedagógico para que se sentissem mais motivados. Este é um desejo de reforma proporcionado aos jovens que lhes traria um maior vigor construtivo através de animadores de diversas áreas. Esta inserção garantiria uma renovação social.

Também seria de esperar que se colocassem postos de assistência social dentro do bairro ao invés da assistente social se deslocar duas vezes por semana ao local. Faria com que as pessoas fossem encaminhadas de forma adequada e mais rapidamente para situações convenientes aos seus problemas, como é o caso dos desempregados, ou das mães jovens.

O acesso à camioneta também foi um problema colocado por estes moradores que se vêem obrigados a andar até à Escola Secundária de Valbom ou até à Rua Dr. Joaquim Manuel da Costa para puderem apanhar a camioneta. A sugestão feita passaria por ser delineada uma carreira que pudesse passar pela zona do Bairro do Monte.

Apesar da pouca aderência por parte da população, o Bloco considera esta reunião mais do que positiva tornando-se ainda mais firme no ânimo de transformar a vida destas pessoas que nos deram novas preocupações e novas visões, é a sempre actual frase de José Saramago “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

terça-feira, 28 de julho de 2009